segunda-feira, 11 de maio de 2009


Pernas, para que te quero?
por Mariana Sgarioni



Lá pelo fim dos anos 1970, um jovem engenheiro eletrônico estava de papo para o ar, encostado em sua motocicleta potente. Um carro desgovernado subiu em cima da calçada e o atingiu em cheio. Saldo: dois anos de internação no hospital e a perna esquerda amputada. Uma tragédia? Pois saiba que, para o protagonista da história acima, o carioca Alarico Alves de Moura, o Alá, esse episódio foi sua salvação. “A dor desperta um potencial que antes você não conhecia”, afirma o “Tio Saci”, como passou a ser chamado pelos sobrinhos, que viviam deixando seus patins jogados no canto da sala. Certo dia, Alá resolveu experimentar um deles. Fez as duas muletas de bastões de esqui e saiu por aí patinando. Ganhou confiança em si mesmo, conheceu novos amigos e logo descobriu que podia caminhar, correr, jogar futebol, surfar e, ufa, praticar mil e um esportes – incluindo a bicicleta, que se tornou sua melhor amiga. Quando viu, estava competindo de mountain bike e ganhando de gente que tem as duas pernas.
Hoje Alá é octocampeão estadual de ciclismo. Todos os dias, ele pedala pelo menos 78 quilômetros de sua casa, na Ilha do Governador, onde mora, até o Jardim Botânico. Falante, expressivo e carismático, Alá se dedica a divulgar a cicloativismo e a dar palestras motivacionais. Quando lhe perguntam de onde vem tanto bom humor, ele devolve: “Acordo todos os dias muito feliz porque levanto sempre com o pé direito.

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