sábado, 21 de novembro de 2009

ENTREVISTA COM A TERAPEUTA OCUPACIONAL MINEIRA CRISTIANE RIBEIRO





1) Apresentação: Nome Completo, Idade, Cidade, País

Cristiane Regina Reis Ribeiro, 32 anos, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Aonde você se formou? Em quantos anos?

UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

2) Você fez Especializações, Pós, Mestrado ou Doutorado após a graduação?

Fiz uma especialização em Terapia Ocupacional em Saúde e Trabalho, também na UFMG, concluída no início de 2007.

3) Há quanto tempo você é TO?

Desde 2005.

4) Como era a organização política do curso? As aulas eram mais expositivas ou práticas?

No início do curso as aulas eram mais expositivas do que eu gostaria, e apenas ao final, com as disciplinas aplicadas e depois os estágios, é que o curso foi ficando mais prático. Havia também uma ênfase grande em pesquisa. Porém, como estudantes, sempre achamos que as aulas poderiam ter sido mais práticas e aplicadas à realidade desde o início - o que não afasta, no entanto, a importância de uma boa fundamentação teórica.

5) Como os TO’s se inserem nos sistemas de saúde de seu Estado/Cidade?

Considerando-se a real necessidade de serviços de Terapia Ocupacional em todas as áreas de atuação e os potenciais benefícios para a população, a inserção ainda é modesta, tanto em Minas Gerais como em Belo Horizonte. Muitos serviços que poderiam ter TOs ainda não têm (ou pior: têm profissionais que tentam fazer o nosso trabalho, sem a competência para isso) ou, quando contam com este profissional, geralmente é em número limitado, insuficiente para atender à demanda e garantir visibilidade. Aliás, se consideramos a diretriz de atenção integral à saúde, preconizada pelo SUS, vemos que o papel de um profissional como o TO é essencial para sua garantia. Além disso, a oferta de vagas em concursos é pequena e apresenta poucas vantagens.

6) Como é o trabalho do TO no sistema público de saúde de seu Estado/Cidade?

Algumas características do trabalho no sistema público são compartilhadas com outros profissionais da área de saúde, como remuneração e benefícios insuficientes aliados a uma carga horária que, em muitos casos, não respeita o disposto na legislação.

7) Qual a área em que o s TO’s de seu Estado/cidade mais trabalham?

Desenvolvimento infantil e saúde mental, seguidas pela área de geriatria, mas gostaria de ver também uma maior inserção e consolidação da TO na área de saúde do trabalhador. E, apesar de existirem bons profissionais na área de saúde física, especialmente em reabilitação da mão e membro superior, a visibilidade ainda é pequena, sendo uma área associada pela maioria da população apenas à fisioterapia.

Além disso, acho que a inserção da TO em instituições públicas ainda é menor do que a real demanda pelos serviços e também em relação ao número de profissionais que chegam ao mercado de trabalho.

8) Vem quais locais você trabalha ou já trabalhou?

Trabalho na Câmara Municipal de Belo Horizonte como Consultora em Saúde Pública.

9) Dentro de tudo aquilo que você conhece de TO no seu Estado/cidade há muita parceria dos TO’s com os outros profissionais de saúde?

Sim, mas isso também depende das características e da dinâmica do trabalho de cada instituição.

10) Quando você fala que é TO para alguém, a maioria das respostas é:

( ) Ein? ou

(x) Ah, legal, já ouvi falar! (falam isso, mas fazem cara de “Ein?”)

11) Qual é o seu salário de TO aproximadamente? Ele é considerado bom para quem vive em sua cidade? E você, o considera suficiente para viver?

Bem, o meu cargo não é específico de TO, e considero o salário satisfatório (mas não vou entrar em detalhes, rs).

12) Quais são as especialidades da TO em seu Estado/cidade de que você tem conhecimento?

Em Belo Horizonte, existem as especializações oferecidas pela UFMG (desenvolvimento infantil, geriatria, saúde do trabalhador e saúde mental), específicas para TO. A Faculdade de Ciências Médicas dispõe de especializações de interesse da TO, mas que são oferecidas também para outros profissionais (como Reabilitação de Membro Superior e Tecnologia Assistiva).

13) Qual pergunta você gostaria que te fizéssemos?

Sobre as perspectivas para a profissão a médio e longo prazo (aliás, não é uma pergunta fácil!). Pra falar a verdade, não tenho uma resposta pronta para isso: acho que o futuro da Terapia Ocupacional no Brasil passa por um momento crítico, no sentido de que as decisões a serem tomadas e as ações a serem colocadas em prática a curto prazo (por gestores, legisladores, profissionais, prestadores de serviços e instituições da área, entre outros) podem impactar e definir os rumos da profissão, a sua visibilidade e a sua consolidação. Como todos sabemos, ocorre uma tensão cada vez maior no mercado de trabalho, fruto da disputa entre áreas afins por fatias desse mercado – e, embora também saibamos da importância do nosso papel, é necessário que o trabalho apareça de maneira mais concreta e os profissionais se articulem e se mobilizem de fato para garantir - e ampliar - o seu lugar de direito.

14) Há algo mais que você gostaria de dividir conosco? Algum comentário, curiosidade ou informação pertinente a TO?

Apenas reforçar o que disse anteriormente: sabemos da importância da Terapia Ocupacional, dos seus benefícios e de como a formação de um TO o capacita a atuar com competência em diferentes áreas de atenção e de pesquisa. Já temos isso, o que é fundamental, mas não é suficiente – falta a articulação com outras instâncias da sociedade, do mercado e também as decisórias, para que esse trabalho se torne visível e o espaço de atuação se consolide. Outro fator importante neste processo é o aumento das publicações de TOs, ao proporcionar visibilidade para diferentes experiências e desenvolver o conhecimento, que deve ser sempre compartilhado. No final, todos ganham com isso: profissionais, clientes e sociedade.



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